Tuesday, September 12, 2006

wild jungle in the Netherlands

(Disclaimer warning: ESTA TRETA DE TEXTO VAI ESCRITO DE CHORRILHO, QUEM NÃO TIVER NADA PARA FAZER QUE META UMA PONTUAÇÃO DECENTE)


ok, vamos lá, nada como começar um blog sobre Leiden...em Lisboa.

Primeiro, pensar objectivo...darn...think, think, think... vai valer a pena fazer isto ou vou-me ficar por um par de posts ainda antes de partir.... huummm...não pensar em como um "blog" é uma espécie de Anti-diário. Escrevemos, falamos sobre tuuuuuuuuuuuudo menos o que é importante porque...bom, porque outros vão ler claro. Se não lerem, então não vale a pena fazer um blog.

Ok, agora...(acho que já comecei a exagerar nos "ok's"... hummmm... e nos "huummmsss" também, merda de pseudo-escrita criativa é o que é.) Deverei pegar na régua e esquadro e começar a fazer as coisas com cuidado e em busca de uma fantástica criatividade que nunca terei? Bom, nem vale a pena ir por aí...já ponho parágrafos e é uma sorte, agradeço a Descartes por os ter inventado e penso... já sei, não tenho que me preocupar, se for um ano como penso que será, a estudar e a voar, isto passa num instante, (talvez tente umas graçolas para me sentir acompanhado e longe de estar a cabecear o muro das lamentações, quem sabe...atiro umas laranjas ao ar e tento manter a coisa equilibrada) ou então sairá um ano todo trocado e não precisarei de grande imaginação...

Assim, objectivo deste Blog: Let's all give Francisco some pep!

... mas ainda não, porque ainda estou em Lisboa. Aliás, decidi agora mesmo começar a fazer isto, estava a chegar a casa depois de uma maravilhosa aventura no C.C. Colombo (simmmmmmm, como qualquer bom blog de português, tudo começa no Colombo, o lugar de sonho, de magia, de encantamento, de paredes cor-de-rosa, de cascatas artificiais, de exposições de dinossauros de plastico no patio central, de Worten's, de golfinhos em estatuas ridiculamente fuleiras, de pitas da Colina do Sol que nem me galam nem me assaltam, sim...o Colombo, o sitio onde fui mudar as lentes dos óculos, agora vejo... vejo outra vez, já andava com uma dioptria a menos.

Bom, acho que um blog para ser decente tem de ter banda sonora, essa fica o que ouvi enquanto vinha para casa, recomendo que a oiçam enquanto sigo os meus preparativos para Leiden:

Morphine - Top Floor, Bottom Buzzer.

Ora, com a banda sonora certa a correr, começar a fazer a mala. Estou calmo, estou tranquilo, afinal nasci na hora de verão (já explico, já explico...)

Primeiro, um portátil...vou ter de continuar esta treta lá, ou pelo menos tentar

Segundo, o meu iPod. Claro, só que para isso tenho de arranjar um portatil.

não estarei a ficar yuppie? Certamente que não, apenas ando a falhar os essenciais,

pois falta:

- Casa para viver

- Conta bancária

- Seguro (obrigatório nos Países Baixos)

- Certificado de nascença, obrigatório para me registar como residente, o que por sua vez é obrigatório para tudo o resto.

- Bicicleta (alguem consegue viver na Holanda sem bicicleta? Acho que vou tentar arranjar uma cor-de-rosa mesmo, mesmo, mesmo fuleira para ver se ninguem rouba... ou amarela com bolinhas pretas? misto leopardo, misto "sei-lá-isto-parece-me-mesmo-fuleiro-pensando-assim").

Bom, nota-se que estou entusiasmado com a ideia? Na verdade outra coisa muito importante que falta é deixar as coisas mais ou menos organizadas no trabalho. Tarefa impossivel, o que só torna o desafio mais interessante. Sei que até domingo vou tratar de tudo o que conseguir, e depois se verá...

- "paciencia, paciencia y en el culo resistencia". Sobreviverei certamente e para todos os efeitos, vou-me mudar para o país mais chato do mundo.

Está longe de ser a primeira vez na Holanda... lembro-me de tirar por lá umas fotos, é um país de uma vegetação verde imensa... os companheiros de viagem, sempre os mais fantásticos... o cenário, digno de imensa filosofia e diálogos intensos em que nos auto-descobriamos:

- ah?

- isso!

- isso o quê? queres que te passe isto?

- não, o que estavas a dizer...

- sei lá o que estavas a dizer! tu é que pediste que te desse isto.

e etc, etc, etc... nunca posso continuar, porque nunca sei onde isto vai dar, nem que leitor me vai julgar...

Bom, sentimentos sobre ir para a Holanda? Para lá de tudo que se resume a uma frase, "I know it's gonna be allright", não é de todo simples partir, ainda que seja um ano, ainda que seja uma espécie de Erasmus outra vez, estudar numa instituição diferente, ainda que seja optimo voltar a estudar, ou pelo menos a esta distancia pareça, há sempre algumas preocupações. O que mais me empurra certamente é um sentimento de deslocação no espaço que me rodeia, sinto que o oxigenio que ainda assim me alimenta vem do facto de, mantendo uma vida aos olhos de terceiros não totalmente despida de algum valor, consegue, dentro da rotina, ser bastante diferente... Todos os dias de manhã, é certo, me enfio na banheira numa tentativa de acordar e ir trabalhar, todos os dias de manhã me meto no meu mini a caminho de Sintra, todos os dias ao longo do dia, faço coisas que gosto e outras que gosto menos, (e foda-se, há que dizê-lo, muitas que não gosto nada, momento em que penso "se fosse sempre bom, não me pagavam para o fazer"), mas mesmo assim é um trabalho original, um ambiente excelente. Mas daí ao resto...vai uma grande distancia.

A culpa claro, é de uma mulher qualquer, culpo sempre um qualquer amor antigo na minha vida pela minha personalidade cáustica. Quando todas as ex-namoradas falham porque no fundo sei que elas não podem absolutamente ser culpadas de bem..."TUDO!", culpo a minha avó paterna. Se fosse criança hoje em dia (e como gostava de ser criança, mas por muito que tente a minha data de nascimento vai cada dia, paulatinamente, ficando um dia lá mais para trás. Cada dia, paulatinamente, a minha certidão de nascimento vai ficando um volume mais para trás relativamente ao novo volume da Conservatória aberto... (chamo a isto, "filosofia de solicitador", faz parte integral de uma colectanea de epigramas, desenvolvida por mim, à volta de 6 volumes - não me atrevi a ultrapassar, ou sequer igualar, Proust - que escrevi durante o meu maravilhoso estágio)) como dizia antes destes enervantes parentesis todos, se fosse criança hoje em dia teria direito a psicologo e, com sorte, drogas receitadas à pala do enorme trauma causado pela minha avó e estaria pronto a crescer, para poder culpar todas as minhas ex-namoradas da pessoa cáustica que, paulatinamente, o crescer (ainda me recuso a dizer envelhecer) vai fazendo tomar conta da minha personalidade.

Bom, mas seja de quem for a culpa, há uns poucos meses atrás sentia-me totalmente deslocado em Portugal, tomei na altura duas decisões, que, se voltasse a entrar num centro comercial lisboeta o faria de fato-de-treino vestido, daqueles de poliester manhoso que pega fogo em formato tocha humana mal chegasse perto de um isqueiro e uma segunda decisão, aproveitar a oportunidade de ter um chefe fantástico e sair de Portugal para estudar.

Primeiro, admito, pensei Montreal, como tinha tudo a empurrar-me para ir, não consegui, a alternativa, igualmente atractiva, era Leiden, como a resposta da candidatura veio na fase pós conhecer Raquel, fui aceite. É sempre assim, agora, queria levá-la comigo. Antes, queria era ir e deixar toda a gente para trás. Especialmente à "fase quaresma" (a quem pensa que me conhece e não pesca o que é a "fase quaresma" vá 1) primeiro ver na enciclopedia o que é a quaresma (meus burros), 2) não, não suspeitar que eu tenho uma paixão secreta pelo Ricardo Quaresma 3) concluir que não me conhece assim tão bem e esperar que um dia me dê para explicar aqui melhor do que se trata. (assim como a teoria das pessoas nascidas na hora de verão)

Bom, mas é óbvio, a Raquel não vem comigo... como tudo tem vantagens, a Raquel não vir tem uma optima e óbvia vantagem... posso culpá-la a ela se tudo correr mal! (...eu sei, sou um coVarde.)

Enfim, tudo somado, sei agora que se me tivessem recusado a candidatura e por cá ficasse a engordar ainda mais, não ficaria nada feliz. Tanto tempo a querer ir, fez com que tudo à minha volta se tornasse algo efémero, cansativo e de mau gosto...assim mesmo, ao estilo do fato de treino que comecei a usar quando vou ao Colombo.


2 comments:

Polly Jean said...

Adorei este inicio, fez-me rir, reflectir, praguejar, tecer elogios e, sobretudo, pensar no tempo em que tb crescia..não envelhecia.perdoa-me a intimidade, mas tratando-te por tu, desejo que, com ou sem Raquel, tudo te corra bem...e nota bem, na holanda há dezenas, senão mesmo milhares, milhões de gajas boas!
Qt a morphine, concordo com a escolha.

Porque o mundo dos blogs é feito de "dialogos", não te esqueças de visitar o meu, pleno de maternidades, disfunções divagações, palavrões, sonhos, desesperos e alucinações.
Alí sou polly, de polly jean, harvey. Porquê...uma história imensa que um dia te conto.
Beijocas

Ps : estive na a. mas com reuniões, dp tb fui à eu.., mas, segunda feira vocês estavam tb em reunião...
Vamo-nos falando..por aqui.
Sónia

Marco Tábuas said...

francisco de holanda