Saturday, April 05, 2008

Titulo: Não me responsabilizo por esta ***da.
Ele-Não querida, não funciona bem assim...ela não iria olhar para mim da mesma forma.
Ela-Mas tu achaste-lhe piada...eu conheço-te bem.
Ele - Verdade, nota-se, é fodido. Mas isso não significa nada. Se achamos piada a uma mulher ela vai imediatamente supor que nunca nada daria devido ao nosso perfil social. Ela é rica, eu sou pobre, trabalho numa merda de um call-center e ela é arquitecta, parecemos um filme rasca só de pensar nisso e na mente dela é a Andie Mcdowell quando aquele cabelo ainda era aceitável.
Ela - Mas sabes lá se ela se interessa por isso
Ele - Interessa, agora interessa, esta é uma idade que não serve para nada. Ela pensa o que ele faz, como vão ser os miudos, como é o futuro da relação que tem, o facto de que os apresentou aos pais. Ele é, numa palavra, segurança. Eu, pelo meu lado, não represento segurança, EU, para ela, é que sou o gajo que quer dar umas voltas, aquele por quem ela sente que não seria sempre bom, porque diz que já o sabe, porque está conformada com aquilo que tem. É a imagem que projecto, daqui a uns anos, imagino, vou ser um gajo com defeito porque ainda sou solteiro. Depois, é tarde demais e prisão perpétua no enredo de divórcios de terceiros e sobras de emoção dessas relações que vês passar à tua frente, resignado ao próprio facto que não o tiveste, nem tens filhos que te façam acompanhar o mudar dos tempos e evitar que te percas em referências evocativas/do tempo/inspiradoras para o teu caixote cultural, que é teu, e de uns outros tantos que nasceram na tua geração.
Ela - Mas tu és seguro para uma relação, és estável, não sei porque te referes como alguém que não dá segurança numa relação.
Ele - Obrigado, mas dizes isso porque és minha amiga e me conheces. O chato é que é o seguro ela acha. Estabilidade e procriar, autêntica fase égua.
Ela - Fase égua? Mas então tens uma imagem exterior estereotipada que evita que qualquer mulher te conheça porque acha que tendo sobrevivido aos amores juvenis descobriu um suposto segredo da felicidade? Para depois acabar gajo com defeito porque ninguém lhe pegou. Não há salvação então para a felicidade, contudo, há gente feliz que era (iludido?) como tu.
Ele -Não, há um ponto de equilibrio, um momento em que as mulheres simplificam a sua vida, serenam, para lá da fobia de se assegurarem que os seus valores, sejam o feminismo ou o casamento procriador ou o que for que guia cada um, -nós homens somos iguais- perdeu, afinal a sua razão de ser. Nós, ganhamos um estatuto, ainda quem sem o procurar pois somos incapazes de decidir o que seja, (ou,já agora, crescer) em que ainda pode ser que passemos por material que vale a pena visitar a prateleira. Em suma, não havia um único caminho para o sucesso ou insucesso na vida, aceita-se mais facilmente a planeada não ter existido, e há um equilibrio entre a apatia que resulta de aprender com os erros e, por outro lado, ainda acreditar que a nossa vida está por decidir.
Ela - e que idade será essa, já agora?
Ele- Os trinta e poucos...