Friday, September 22, 2006

Ultrapassada a semana (claramente pela direita),

banda sonora: Nick Drake - Place to be

Chegada a sexta-feira, mais uma casa vista, mais uma casa totalmente rejeitada. Que pensar de toda a suspeita criada nesta....huuuummm...não quereria ser esquisito e de facto, barata era, mas era facil compreender porque era barata. Quando encontramos um rés-do-chão, com grande vitrine, balcão ao pé do vidro e uma casa de banha luxuosa com jacuzzi no bairro de porto de Leiden, se se pode chamar bairro de porto, pensei realmente se sentar-me à noite à janela em roupa interior com uma luz flurescente sob o meu veludo e sensual (bom, pelo menos que é cheio de curvas ninguem pode, ou deve, duvidar) me pagaria a renda em poucas noites, o mais provavel é que iria preso por prostituição sem recibo em troca.
Eu sei, a banda sonora não aponta bem para isto, mas isso é porque o quarto foi à tarde e agora é...bom, agora é hora holandesa de jantar, as aulas estão despachadas e amanhã é sabado, um perigoso-sem-nada-para-fazer sábado. Talvez vá ao Reijks em Amsterdão, fica a dez minutos de Leiden, Amsterdão, e nunca fui ao Reijks... mas estará a chover? Em que estado acordarei depois de uma sexta-feira em Leiden? Ontem tive um dos maiores aborrecimentos desde que ca estou, um dia de merda e um holandes que nao apareceu para me mostrar uma casa para depois ao fim do dia beber uma cerveja, a qual já sei pedir como bom holandes, so nao sei na verdade escrever, mas bom...o que importa é pedir, com uma alema aborrecida e atada a contar-me o excitante que é passar 4 meses em Leiden...dassssss...se Leiden é algo, excitante está longe de ser a primeira palavra que me surge na cabeça. Em que momento em que deixei de prestar atenção a todo o tipo de pessoas? Antes nao era assim, quando terei perdido a total capacidade de perdoar a todos a pessoa que são, de me dar ao trabalho de escavar a beleza de dentro de cada um? Hoje, espero a ver se a vejo, não deixo de olhar, mas certamente perdi a paciência de prescrutar a pessoa em busca do bonito, do "bom", será que o Nick Drake o fazia? Será que Nick Drake o fazia sempre? (claro que nao, estou a falar de um maniaco depressivo na fase final da carreira, obviamente há muito que ele tinha desistido do lado bom da humanidade). Bom, de qualquer forma, tive dias exactamente como o pink moon, curtos, atirados e simples, da simplicidade que me tem entretido os dias, a de me sentar, à porta de casa, sentado na borda do canal,a ver o cisne nadar. O mesmo cisne, todos os dias, passeia pela frente da casa, do outro lado do canal, pacatos Holandeses sentados na varanda quando nao chove jantam calmamente, do primeiro andar, alguem me diz adeus, é a rapariga que vive no predio onde estou "infiltrado", esta na cozinha do namorado a ajudar ao jantar. Ele vive mesmo do outro lado. Acho que começo a conhecer todos os carros e gatos em Leiden. Sim, não deve haver muito mais, há um mini laranja, um carocha dos novos verde-lima, um mercedes azu escuro e um verde, um mazerati antigo, esse costuma estar estacionado ao pé da faculdade de direito e uma bicicleta sem travoes. Ontem declarei-me uma ameaça à sociedade, dei por mim a conduzir em sentido contrário, sem travoes, e pouco hábil na arte da bicicleta.
É, quando faz sol e os holandeses levam a sua vida à rua, o que não acontece muito por estes lados, todos eles trazem consigo as suas manias, as suas bicicletas e flores importadas do Quénia, e nas ruas com pequenos canais onde todos saboreiam a pacatez como nenhum latino faz, é Pink Drake que se ouve de banda sonora, mas não sou eu que canto que Leiden é um "Place to be", eles é que o cantam.
O que quero mesmo dizer, acho, é que esta gente não se odeia, porque é que nós temos de nos odiar em Lisboa? Porque a falta de segurança? Os fantasmas que se atirem para dentro do armário, podem lá ficar, desde que nunca saiam...

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