Friday, August 17, 2007


banda sonora: Marlene Dietrich - Where have all the flowers gone?

Há tanque que nos salve de uma ideia perigosa?

Nós, os da minha geração, nascidos poucos anos após o 25 de Abril, aceitamos a democracia e a liberdade individual como algo garantido.

Ao mesmo tempo, as gerações anteriores recordam-nos que a democracia portuguesa é, na sua forma, precária, falível, mas que é o viver de um sonho, que devemos agradecer todos os dias a liberdade que usufruimos.


Agradecer, vivendo-a, não basta. Agradecer, lutando por ela e vivendo conscientes dela todo o tempo como algo fungível e perecível, é uma obrigação igual ou superior a votar. La lucha de masas y ideas a quien queren quitar el sueño, nas palavras de Fidel (que fez anos dia 13, by the way).


Aqui, na Holanda, num ambiente de estrangeiros exilados como o meu, há Americanos, Ingleses, Escoceses e Holandeses (eles próprios desterrados no seu país como cada vez mais os sinto) os quais tomam a Democracia e a Liberdade como algo garantido. A usurpação de poderes por um líder político é algo que nem lhes passa pela cabeça, o ataque à democracia na sua imaginação passa por tanques militares na rua e lutas armadas entre "bons" e "maus", um terror vermelho, ou fascista que totalitariza o poder em pleno dia.


Não deixa de ter piada, como quem vive hoje as marcas de ter tido tanques na rua num passado recente da sua história sabe que essa usurpação de poderes pode aparecer de forma mais branda e perigosa. Que o tanque normalmente surge como libertador de uma ideia que nos prende. É igualmente engraçado, como eles que não viveram tanques na rua, acham que tanques são necessários para fazer uma revolução que derrube a democracia. São as ideias, não os tanques, que são perigosos. Contudo, sem ideias nem tanques, as suas democracias são fortíssimas.

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