Thursday, June 21, 2007


Inland Empire - existência, essência.

banda sonora: Fat Truckers - Superbike (disponível na playlist)

Quando era miúdo sempre pensei que a existência linear era algo muito porreiro. Sem ela, nem sequer poderia jogar, ou ver, futebol.

Não sei ao certo onde acaba a Mulholland Drive. Nem sei ao certo onde começa, já agora. Certamente em Hollywood começará, (ou acabará... whatever...). Não sei ao certo qual a fronteira de Inland Empire. Será no seguimento de Los Angeles. Também não sei porque é que Lynch decidiu, a determinado ponto, que os seus filmes deveriam ter um título com sentido geográfico. Se calhar não decidiu. Mas que Inland Empire me parece a um passo de Mulholland Drive parece. yo no digo que lo sea, pero que sí, que parece!.

Quem procurar uma crítica cinematográfica decente, não a encontra aqui. Não sou crítico profissional. Sou jurista e daí este parágrafo me cheirar a "disclaimer", e "disclaimers" cheiram mal, por isso há que acabar o parágrafo imediatamente.

A porra do filme é uma montanha russa de três horas. Montanhas Russas são fascinantes pela sensação de perigo que transmitem sem se correr realmente algum perigo. Para mim, aquelas três horas (bom, descontando os minutos em Polaco legendados em Holandês em que apenas me sentei na cadeira reconfortando-me pensando que não eram aqueles diálogos que me explicariam o filme), foram um perigar da minha existência linear, dos simples conceitos de espaço e tempo, de um filme sobre um filme amaldiçoado (e até que ponto são dois filmes diferentes) pois a maldição é a eterna confusão de paralelos, existências trocadas, um perder dos sentidos mais inerentes à existência humana que é sabermos onde estamos e em que momento.

É uma continuação do Mulholland Drive, é um passo em frente, é um pouco à frente na estrada seguindo as poderosas auto-estradas de L.A., é a mesclagem total de filmes sobre filmes sobre espectadores sobre filmes sobre ontem sobre amanhã sobre salas que se repetem num espaço contínuo, um salto de trapézio sem ninguém do outro lado que segure e a queda, a queda nunca mais acaba, pois não há tempo ou distância que a controle. Não percebo quem odeia o filme e à saída diz que não percebeu. (de novo visito na memória o momento em que saí do Mulholland drive, insatisfações iguais, na altura em Madrid, desta vez em Haia). Porquê tanta raiva de não perceber um filme quando não oiço comentários raivosos contra a nossa existência por não compreender a sua essência?

Adorei o filme...acho! Sei lá por que universos andei.

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