Wednesday, December 27, 2006

R’ X-mas

Banda sonora: white christmas – Darlene Love


A banda sonora que escolhi para este post é daqueles raros casos em que a própria banda sonora, define o post… explicando, a “white christmas” da Darlene Love aqui incluida abre o album “A christmas gift for you from Phil Spector”. Porquê? Bom, é natal, este CD é capaz de ser um dos poucos CD’s de natal que eu suporto, e porquê? Porque é produzido pelo Phil Spector. O que é mais engraçado é que não sou um qualquer adepto incondicional de Phil Spector ou da “wall of sound” (ainda que tenha sido visto algumas vezes a dançar ao som da “Dancing Queen” dos ABBA, é verdade, mas estava alcoolizado, uns (violam menores, eu danço ABBA, all in all, podia ser pior).

Mas também, se o que eu vou escrever tem alguma lógica, como não sou adepto de musicas de natal, e muito menos de musicas de natal, esta escolha está tão deslocada como o meu actual sentimento:

Estou a viver na Holanda, isso é facto não desconhecido de qualquer pessoa que alguma vez tenha vindo a este blog. Agora, como é natal, vim a Portugal. Claro que é óptimo vir a casa, claro que é óptimo finalmente poder sair à noite até horas indecentes, ter o burro do meu cão a dar-me lambidelas na cara, tomar um café decente, buzinar no transito, ser treinador de bancada, sentir uma enorme satisfação por não ter bigode, odiar taxistas, não andar de bicicleta, comer um bife no tico-tico, acima de tudo, estar com os amigos.

Mas dentro de mim, a impaciencia parece consumir muita coisa, eu sei, eu sei, sou um eterno insatisfeito, lá, reclamo daquilo, aqui, reclamo disto, não que seja uma pessoa de natureza queixinhas (ainda que uma pequena vitimização seja inevitável quando penso poder assim ganhar um abraço de uma rapariga gira), mas neste momento estou tão deslocado do meu próprio mundo como as musicas de natal sempre estiveram do meu gosto musical. Sou um gigante com um pé na Holanda e outro pé em Portugal, mas ao contrário dos outros gigantes (sim, já conheci um par deles na minha vida), sinto-me bastante pequeno, quase como um fantasma vou pisando pegadas que já antes preenchi quando estava vivo mas que agora são meros passos repetidos. Nada de novo acontece. Acho que resumindo, venho cá, descubro que o que encontrarei quando voltar para Portugal afinal, não é nada de especial.

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