Saturday, April 05, 2008
Monday, September 24, 2007
Thursday, August 30, 2007

Monday, August 27, 2007

Wednesday, August 22, 2007

banda sonora: Arto Lindsay - Animal Animale
O centro é bonitinho, mas desesperantemente aborrecido. Leiden tem uma grande universidade, mas não tem a vida nocturna que tipicamente acompanha uma universidade segundo os nossos padrões sul europeus. Isto porque aquilo que uma universidade dá a uma cidade são os estudantes, que costumam ser motor de uma atitude borguista e prazenteira que anima as ruas (lembro-me de Salamanca e a sua fantástica vida nocturna). Aqui, os estudantes dividem-se em fraternidades, são três as principais fraternidades, a Minerva (ergo, os seus membros são os minervinhas), a Augustinos (ergo, os augustininhos) e a Quintos (ergo, os quintitos). Metade dos prédios são usados como residenciais destes seres, eu vivo em frente de um pejado de augustininhos e eles são seres tão divertidos que posso asssegurar-te, nunca tive vizinhos tão silenciosos como eles. A velha que vivia na casa em frente da dos meus pais, pese os seus setenta anos, cuspia da varanda em noites de calor ouvindo o seu rádio, aqui, os meus augustininhos, estão na cama às 10 da noite. Não fossem eles tão pouco divertidos que continuaria a não os conhecer realmente. Vivem num ambiente de fraternidade fechado, só membros podem ir às festas e estas acabam à meia-noite, eventualmente como resultado do preço da cerveja barato. É uma mistura explosiva, por um lado são nórdicos, logo bebem até cair e por outro lado Holandeses, não podem dizer que não a uma promoção de preços. Cerveja barata assim, só pode ter uma conclusão possível.
Do outro lado da balança aos seres das fraternidades que são fechados e desdenham quem não for membro, existem os locais de Leiden. Ora, os locais são muito diferentes dos minervinhas & Co. Um Minervinha distingue-se facilmente pois num dia de verão como hoje, em que choveu apenas de manhã e fazem 15 graus está vestido com fato-de-banho laranja e camisa Ralph Lauren azul às riscas, tradicional, a qual está por dentro do fato-de-banho. O local de Leiden nunca vestiria assim , local de Leiden parece mais um lenhador pese saber, por experiência, que provavelmente é agricultor e não lenhador. Digamos que em Viseu(não, não, Viseu não, uma aldeia perdida no distrito de Viseu com mais mulas que carros) a massa urbana tem um ar mais citadino que os locais de Leiden. Ao domingo, o local de Leiden veste-se a rigor, assim como o Português de aldeia põe o seu fato ao domingo, no caso do local de Leiden, não é um fato contudo, são umas jeans justas e curtas que revelam a meia branca sobre sapatos pretos quadrados, uma camisa branca, um blaser azul escuro também justo e coçado. Leva uma boina de marinheiro na cabeça por vezes, azul branca e com uma âncora dourada no topo, o que faz a minha delicia tenho de admitir pois fica-lhes ridiculo. Infelizmente a boina não é sempre, e o normal é terem o seu cabelo loiro farto puxado atrás e preso com gel num gorduroso que combina com o resto.
Os locais detestam e ignoram os estudantes. Faz todo o sentido, numa cidade universitária, o local passará toda a sua vida, o estudante passará cinco anos, por isso não tem sentido travar amizade com ele, isso explica o ignorar do estudante. O detestar do estudante passa pelo que o minervinha é, vestido da sua forma ridicula, caminhando em grupos de chacais, na sua forma ridicula de ser e no tom pedante que apresentam.
Por muito estranho que pareça, eu consigo falar mais facilmente com um local do que com um estudante Holandês, a tática é simples e poderá ser útil caso algum dia saibas de alguém que para cá venha. Sento-me num bar local ao balcão, começo a falar com o local ao meu lado e ao fim de dois minutos de receber um tratamento evasivo, menciono que de minervinhas a quintitos, todos sem excepção deviam ser afogados no canal. Funciona sempre, é um sorriso ganho.
Claro que neste ambiente de dois pólos que se odeiam, há vitimas, danos colaterais como em qualquer guerra. Neste caso são os estudantes que não pertencem a fraternidades. Não apenas os estudantes internacionais como me vim a aperceber com horror. Uma das pessoas com quem melhor me dei por aqui na categoria de "Locais>Holandeses", uma rapariga simpática e relaxada, pese a parca inteligência, girita e ex-modelo (ex-modelo, ELLE e cosmopolitan, ou seja, profissional a sério),confidenciou-me que demorou cerca de ano e meio a ter amigos em Leiden. Este exemplo serve-me os propósitos de demonstrar a demência de Leiden. Imagina uma modelo da ELLE Portuguesa em Portugal, a chegar a uma universidade como estudante e demorar um ano e meio a ter amigos.
Tuesday, August 21, 2007

banda sonora: Belle & Sebastian - Is it wicked not to care?
Bolivar to himself: "...uppssss!"
Mas não ouve disputa à mesa. Ele era formado em Artes, ela era formada em Jornalismo, tinham respectivamente, 36 anos e 31. Tinham abandonado a Irlanda e as suas profissões pelas mesmas razões que oiço os Portugueses a queixar-se da falta de saída profissional nas mesmas áreas. O jornalismo, dizia-me ela, passa por realizar estágios mal remunerados, quando são remunerados, onde a única coisa que fazia era servir cafés. (que discurso tão familiar para mim e que oiço tantas vezes em Lisboa).
Há dez anos então, vieram para a Holanda. Trabalham como pintores, não dos artísticos, note-se, pintores. Fazem cá três meses de trabalho e depois têm três meses de folga. Vão a casa, ou vão a outro lado qualquer. Passam assim a vida. "ten years ago, they would pay 600 euro per week, and that was ten years ago". (...Deixa-me a pensar o que ando a fazer da minha vida...Deixa-me a pensar, quão leguminosos aqueles que se queixam em Lisboa ficando, ficando, ficando...).
Falamos de Murakami e trocamos sorrisos cúmplices, falamos da dificuldade em viver das 9 às 5. Acabamos o jogo sem nos preocupar quem ganha, em tom de despedida, Jason oferece uma cópia velha das Calligrammes de Apollinaire em Francês, tem muitos livros e não sabe como os levar de volta a Berlim, seu próximo destino. Dizemos até logo, sabendo que provavelmente nunca mais nos veremos.How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.
Monday, August 20, 2007

Friday, August 17, 2007

Monday, August 13, 2007
